O processo de lightworking
Desde as revoluções científica e industrial, temos vindo a acreditar na mentira de que nós, humanos, somos seres separados das outras formas de vida, a que chamamos de “natureza".
Se por um lado o progresso da ciência e da indústria simbolizaram um avanço para a humanidade, por outro retardou a nossa evolução espiritual e conexão com o ambiente natural. E esta conexão de que falo aqui é a peça essencial.
Reclamamos, frequentemente, de falta de tempo e de significado da nossa própria vida, porque esta não deveria passar por, somente, trabalhar, comer, dormir e conviver com os outros. Vivemos em verdadeiros tempos de falta. Falta de orientação, de propósito, de realização pessoal, de motivação. E aquilo que também falta, essencialmente, por forma a dar significado a esta correria a que chamamos “vida", é a convivência com nós mesmos, relacionarmo-nos internamente, entender como funcionamos cá por dentro e por que reagimos a estímulos exteriores de determinada forma.
Cerca de 88% do nosso tempo é dispensado com actividades vindas do exterior, nos outros ou no que acontece fora de nós. No fundo, nós dominamos o mundo externo de sensações e acções, por oposição ao fraco conhecimento que detemos do nosso mundo interior, da riqueza de pensamentos e sentimentos. Geralmente só voltamos a atenção para nós mesmos quando verificamos que o retorno dos nossos investimentos nos permite realizar aquela viagem física até destinos idílicos, onde poderemos descansar e estar longe do resto do Mundo. Passar tempo na natureza, estabelecer uma conexão com outras espécies, viver o presente, alinhar com o Universo. Sentir a necessidade de estarmos em silêncio e passar algum tempo na companhia de nós mesmos.
A paciência é uma das mais bonitas virtudes
E na companhia de nós mesmos temos por hábito pedir aquela orientação ao Universo face a determinadas questões para as quais não temos resposta. E, infelizmente, esta orientação pode não chegar no momento em que a queremos receber. Não se trata de uma transmissão imediata. Há quem vá, gradualmente, recebendo pequenos sinais de orientação, sinais abstractos e dificilmente decifráveis. A recepção do abstracto não significa que a orientação não nos está a ser chegada, porque está. Apenas não é total. Não nos oferece o quadro completo que tencionamos receber a ponto de tomarmos decisões porque, na maior parte das vezes, não é o momento certo para a receber. Tudo é feito de energia. E, sim, energia é informação. Por conseguinte, é vital não colocarmos pressão em demasia sobre nós mesmos e aprender a esperar, uma vez que é essencial gastar algum tempo com a nossa alma. Só com esta conexão estabelecida é que nos encontramos aptos para receber por inteiro a orientação do Universo. É essencial enraizar e aceitar o que o Universo nos traz e colocarmo-nos num estado de rendição, processo que tentamos refutar a todo o custo. Para quê contrariar o padrão vibracional? É necessário que essa rendição seja, efectivamente, feita num estado contemplativo, observando o desenrolar dos acontecimentos com atenção, não forçando o seu desfecho.
É, igualmente, necessário entender que o "pedir" informação ao Universo traz a vibração prévia da escassez. O Universo responde a vibrações e se as nossas vibrações estão presentes na escassez é exactamente isso que iremos receber. Esta escassez de que falo encontra-se inteiramente relacionada com o Inverno, a estação fria e escura de incerteza. Somos parte da natureza e é interessante replicar o seu comportamento nas nossas vidas.
Semear e colher
Estas vibrações relacionam-se com tempos de espera e crescimento interno associado ao desacelerar. É quando crescemos para baixo, quando as nossas raízes são fortalecidas. Sabiamente devemos aproveitar a estação para colher estratégias de plantação para a estação seguinte. Muita coisa pode parecer morta nesta fase, mas não está.
É um excelente período para meditação e contemplação porque é o tempo em que as coisas parecem adormecidas, em que as sementes permanecem congeladas e absorvem a energia da Terra, que lhes permite crescer nas estações por vir. Para desacelerar, sonhar, entrar na quietude, reavaliar realizações. As folhas caíram, a vida encontra-se nos mínimos e é importante respirar devagar e desacelerar. Sem acelerador, é importante compreender que tomarmos uma boa decisão é alinharmo-nos com ela, reflectirmos calmamente sobre ela, e quando nos sentimos frustrados, inquietos ou confusos, certamente não estamos alinhados. Quando, finalmente, nos apercebemos de que esta relação entre ser físico e alma é estabelecida com sucesso, a mensagem poderá ser, finalmente, recebida e evitamos perder tempo que poderíamos estar a gastar noutras coisas.
A nossa luz interior representa uma elevação de frequência que pode ser fruto de uma prática constante. Sermos “lightworkers" (trabalhadores de luz ou trabalhadores com luz) é estarmos alinhados com o nosso espírito e o espírito do Universo. É sentirmos a necessidade de sermos chamados ao serviço. Um “lightworker" poderá ser qualquer pessoa que se entrega à misteriosa força do Universo. Sim, não precisamos de ser gurus espirituais, não precisamos de seguir padrões. Sim, não precisamos de fazer os outros sentirem o gosto do que é a liberdade para que se sintam de imediato libertos, “iluminados" e que a realização permanente se encontra ao virar da esquina. Não, não precisamos de ser assim. E porquê? Porque essa energia cósmica é a energia vital que existe dentro de nós. Ser-se humano é realmente muito difícil, são muitos os desafios com que nos deparamos todos os dias e que acabam por afastar essa luz. Podemos retirar o véu que tapa a nossa luz interior, quer seja por questões emocionais, mentais, físicas ou espirituais, recorrendo a técnicas que nos levam a trabalhar a elevação da consciência. Algumas pessoas são chamadas para se sintonizarem com a luz, com o campo energético, como se esta fizesse parte de um ritual de iniciação, à semelhança da iniciação em Reiki. No Reiki apenas trabalhamos com energia. É impossível para um terapeuta de Reiki "fazer mal" a uma pessoa. Quanto muito, se não estiver devidamente preparado, a sessão pode não ter qualquer efeito, ou efeito placebo, e a pessoa sente que lhe fez bem.
Novamente, é de frisar que nem todos teremos, obrigatoriamente, de ser pessoas inteiramente ligadas à espiritualidade, porque se trata exclusivamente de uma escolha nossa. Esta iniciação é uma Primavera, que marca o ponto de equilíbrio do tempo. O momento em que a força de vida, a Terra e a Natureza aparecem. Quando a vegetação surge acima do chão, fazendo-nos sentir motivação para fazer as coisas moverem novamente nas nossas vidas, após as limitações impostas pela escuridão do Inverno. Somos nós que escolhemos se queremos atingir (ou não) o nosso equilíbrio vibracional.
Para alguns, escolher estabelecer uma conexão com o Universo, significa meditar. Para outros é visto como uma mera visualização. Qual destes é, na verdade, o trabalho necessário que teremos de desenvolver esta ligação? Eu acho que é são ambos. E, essencialmente, saber ouvir o silêncio. O silêncio é a tela branca para a criação, é o momento que se prolonga na paz, é o veículo que nos permite esvaziar e realinhar. Quando nos dispomos ao silêncio, estamos a dar oportunidade a nós mesmos para crescer, para compreender, para cultivar a sabedoria. Num mundo cada vez mais ruidoso, é preciso meditar no silêncio. Não importa quem somos, pelo que já vivemos e percepcionámos. Passar algum tempo com a nossa alma é termos total consciência de que este processo se caracteriza por trazer a alma de volta ao nosso dia-a-dia, à realidade bipolar.
A meditação é tão antiga quanto a humanidade. Eu gosto de meditar. É necessário focarmos a nossa mente num determinado objectivo, seja para apresentação de um projecto numa reunião com parceiros ou investidores ou para aperfeiçoar tácticas a fim de ganhar um campeonato. Pelo meio desses objectivos, imprevistos e problemas poderão eventualmente surgir, saber lidar com eles de forma ágil e de consciência tranquila poderá ser um grande diferencial.
A energia Universal tem a sua própria inteligência, afinal, é a energia que move o universo inteiro, e quando é canalizada através de nossas mãos, sabe para onde ir e como agir.
À semelhança dos Verões, tempos em que avanços são percebidos e quando se dá a expansão do crescimento e o progresso rápido, este switch-off é o mote para a celebração da nossa individualidade, do uso total das nossas potencialidades e o reconhecimento das nossas atitudes e motivações.