Veneno

Este veneno engarrafado…

é veneno o repúdio ao cair das lágrimas nas horas de ira

é veneno a urgência de moldar o odor que a alma calmamente inspira

é veneno o mugido das nuvens interpicadas em gesto cobarde

é veneno a trágica veneração dos últimos instantes da morte que já vem tarde

é veneno este fluído que a jornada moribunda atravessa

é veneno o sangue que à palidez da manhã fugazmente se expressa

é veneno a recolha forçada dos demónios em terra ancorados

é veneno o ódio aos fantasmas por nós ontem sepultados.

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